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sábado, 10 de março de 2012

Chico Anysio "hipnotiza" em gravação do "Sítio"

Num estúdio do Projac, o complexo de estúdios da Globo, Chico Anysio não demora muito para se tornar o centro das atenções. Como se estivesse no palco de uma casa de espetáculos, ele aproveita uma brecha nas gravações do Sítio do Picapau Amarelo para contar à atriz Suely Franco como conheceu Madame Satã, lendário malandro carioca. "Quando ele começava a rodopiar, derrubava uns dez!", lembra, arregalando os olhos.

Com a desenvoltura habitual, Chico hipnotiza a todos ao seu redor. Inclusive as crianças Isabelle Drummond, Caroline Molinari e Thávine Ferrari, que acompanham, boquiabertas, a narração do humorista.

A história só é interrompida quando o diretor Marco Rodrigo - que se dirige ao humorista pela carinhosa alcunha de "Mestre" - faz questão de lembrá-lo que só faltam três cenas para ele ir para a casa. Bem-humorado, Chico finge aborrecimento: "Olha lá, hein? Tenho médico às quatro!", graceja.

Mas, ao que parece, Chico Anysio não está lá com tanta pressa em ir para casa. Intérprete do advogado Oswaldo Saraiva, ele diz se sentir em casa no "Sítio". Afinal, contracena com a irmã Lupe Gigliotti e, às vezes, é dirigido pela sobrinha Cininha de Paula. "Não poderia estar em melhor companhia. Isso aqui é a minha família!", derrete-se.

Partiu de Cininha, inclusive, o convite para Chico integrar a nova temporada do seriado. Ela já havia tentado outras vezes, mas nunca conseguiu convencer o tio por causa de sua sempre atribulada agenda de shows. Além disso, Chico estava sempre às voltas com as gravações do Zorra Total. Dessa vez, porém, pôde aceitar o convite por estar desligado do humorístico. "Graças a Deus!", ironiza.

Por mais satisfeito e sossegado que pareça estar no Sítio, Chico Anysio não perde a já famosa língua ferina. Indagado sobre seu indiscutível mau aproveitamento no Zorra Total, não se esquiva em dizer que nunca gostou do programa.

"Em mais de 30 anos de Globo, sempre estive entre os sete programas de maior audiência da casa. Hoje, o Zorra não está sequer entre os dez. Há algo errado. E não sou em quem diz isso. É o público!", alfineta.

De fato, ao longo da carreira, Chico comandou alguns dos humorísticos de maior repercussão da emissora, como Chico City e A Escolinha do Professor Raimundo.

Neles, interpretou mais de 200 tipos, como Alberto Roberto, Painho, Justo Veríssimo, entre tantos outros. Mas garante não sentir saudades. "Saudade é um sentimento inútil. Só serve para deixar você para baixo e, pior, ainda não traz de volta o motivo de sua saudade. Se trouxesse, ainda serviria para alguma coisa", pondera.

Aos 74 anos, Chico Anysio está longe de ser só queixumes. Pela primeira vez na carreira, tem a oportunidade de fazer um trabalho voltado especificamente para o público infantil. "Pelo pouco que constatei, acho que estou agradando. Muitas crianças já começaram a me chamar de Saraiva nas ruas", brinca.

Chico também não tem muito do que reclamar de sua atual temporada no teatro. Em cartaz em São Paulo com Eu Conto, Vocês Cantam, assegura que o atual espetáculo é o melhor que já apresentou na vida. "É a primeira vez, em tantos anos, que dou bis. O público não me deixa sair do palco", valoriza.

Mesmo satisfeito com as gravações do Sítio do Picapau Amarelo e com a temporada paulistana de Eu Conto, Vocês Cantam, Chico Anysio sonha em voltar a fazer humor na televisão.

Ele só está esperando José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, atual dono da TV Vanguarda, retransmissora da Globo em São José dos Campos, no interior de São Paulo, voltar de férias para apresentar a ele o projeto de um humorístico. Quanto ao seu futuro na Globo, o humorista limita-se a dar de ombros. "Já apresentei tantos projetos para eles que perdi até as contas. Nunca se interessaram sequer em lê-los", lamenta.

Notícia: 2005

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