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terça-feira, 15 de maio de 2012

Emília no País da Gramática




Os meninos fizeram todas as combinações necessárias, e no dia marcado partiram muito cedo, a cavalo no rinoceronte, o qual trotava um trote mais duro que a sua casca. Trotou, trotou e, depois de muito trotar, deu com eles numa região onde o ar chiava de modo estranho.


— Que zumbido será esse? — indagou a menina. 


— É que já entramos em terras do País da Gramática — explicou o rinoceronte. — Estes zumbidos são os SONS ORAIS, que voam soltos no espaço.


— Não comece a falar difícil que nós ficamos na mesma — observou Emília. — Sons Orais, que pedantismo é esse?


— Som Oral quer dizer som produzido pela boca, A, E, I, O, U são Sons Orais, como dizem os senhores gramáticos.


— Pois diga logo que são letras! — gritou Emília.


— Mas não são letras! — protestou o rinoceronte. — Quando você diz A ou O, você está produzindo um som, não está escrevendo uma letra. Letras são sinaizinhos que os homens usam para representar esses sons. Primeiro há os Sons Orais; depois é que aparecem as letras, para marcar esses Sons Orais. Entendeu?


O ar continuava num zunzum cada vez maior. Os meninos pararam, muito atentos, a ouvir.


— Estou percebendo muitos sons que conheço — disse Pedrinho, com a mão em concha ao ouvido.


— Todos os sons que andam zumbindo por aqui são velhos conhecidos seus, Pedrinho.


— Querem ver que é o tal alfabeto? — lembrou Narizinho. — E é mesmo!… Estou distinguindo todas as letras do alfabeto…


— Não, menina; você está apenas distinguindo todos os sons das letras do alfabeto — corrigiu o rinoceronte com uma pachorra igual à de Dona Benta. — Se você escrever cada um desses sons, então, sim; então surgem as letras do alfabeto.




Trecho retirado do livro Emília no País da Gramática.

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